Esse é um texto que eu já escrevi há algum tempo, inclusive já o postei em outro blog, mas acredito que não é plágio "colá-lo" aqui, já que é de minha autoria.
Acontece que ontem estava conversando com o Renzo, e por várias vezes lembrei-me desse texto, então vou dedicá-lo ao Renzo, um legítimo crente de número 4 (vocês já vão entender o que isso significa).
Muitas vezes, em meio a debates (todos muito educados e civilizados, por sinal), sou perguntado sobre o "por que" não acreditar em um deus, e qualquer afirmação que eu faça, me é exigido várias evidências e pasmem, até mesmo provas! Como se a ciência tivesse a obrigação de explicar tudo, de maneira simples e com toda a certeza do mundo. Por outro lado, quando eu tento questionar Deus, ele se mostra inquestionável, acima de qualquer evidência, de qualquer lógica. Fica algo do tipo:
Teísta: Há, da onde veio a partícula que ocasionou o Big Bang?
Eu: Não sei, ninguém sabe ainda, tudo o que temos são expeculações, todas elas muito mais prováveis do que um ser superpoderoso, invisível, que, depois de ficar uma eternidade sem fazer nada, resolve criar alguma coisa, e acaba criando o Universo, a vida, etc.
Teísta: Ah, a ciência não sabe, mas a partícula tem que ter vindo de algum lugar, tem que ter sido criada! E pra ser criada, algo tem que criá-la.
Eu: Deus não tem que ter sido criado?
Teísta: Não.
Eu: Então você acha mais fácil "sempre existir" um ser com consciência, superpoderes, capaz de pensar e criar tudo o que conhecemos, desde os átomos até as galáxias, criar pessoalmente cada lei física, nos criar, organizando cada célula, para depois que nós morrermos nos julgar e nos mandar para uma eternidade em lugar de sofrimento, dor, fogo, só porque não seguimos o que ele nos mandou fazer, mesmo que através de um livro extremamente contraditório e dependente de interpretações, do que uma partícula com energia?
Mas não vamos fugir do assunto, o texto é sobre os principais motivos de alguém crer em Deus. Eu consegui pensar em quatro, todos bastante comuns. Aí vão:
1. Doutrinação infantil:
É o caso da maioria das pessoas que nascem em famílias religiosas, quando você é criança, não sabe distinguir fantasias do “mundo real”, portanto, acredita facilmente em tudo o que é dito: Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Bicho Papão etc. Com Deus isso não é diferente, a não ser pelo fato de que Ele não é desmentido quando atingimos a puberdade.
Além disso, temos a questão do “botar medo”, com historinhas bastante indicadas para crianças do tipo: “Deus existe e se você não acreditar Nele, quando morrer vai pro inferno. Que é um lugar pra onde vão as pessoas más. É um lugar onde você vai sofrer e queimar no fogo por toooda a eternidade, enquanto a mamãe vai estar no bem bom do paraíso”. Bem, confesso que eu fui vítima da doutrinação infantil, e aposto que a grande maioria dos religiosos.
Outra maneira simples de explicar esse fato é apenas dizer que, você acredita no seu deus apenas por que seus pais acreditam e te passaram isso, se eles acreditassem em qualquer um dos milhares de deuses existentes, seria neles que você acreditaria, com tanta, ou até mais convicção do que acredita no seu.
1. Necessidade Emocional:
Não posso negar, de maneira nenhuma, que poucas coisas confortam mais do que achar que depois de morrer, será recompensado com um lugar perfeito, com todas as pessoas que ama, por toda a eternidade, principalmente para alguém que acabou de perder um ente querido, ou está em seu leito de morte.
E confesso também que isso valeria a pena todo o “esforço” e o dinheiro pago pelas pessoas que acreditam. Mas, sobre isso, posso dizer duas coisas:
Toda moeda tem dois lados, e, o medo e o sofrimento imposto às pessoas que acreditam no inferno quase “compensa” a satisfação de um paraíso. Não só individualmente, mas, imagino que deve ser muito triste para minha mãe achar que eu vou para o temível inferno quando morrer, e suponho que, se eu me for antes dela, isso multiplicará sua dor imensamente. Do mesmo modo que o céu é um ótimo consolo, o inferno é um fardo terrível, e muitas pessoas deixam de viver suas vidas plenamente por causa disso.
O fato de existir um Deus pode ser confortável, mas isso não significa de maneira nenhuma que seja real. Para mim, seria muito confortável saber que tem um milhão de reais em baixo da minha cama agora, mas, por mais que eu tenha fé nisso, não tem, infelizmente.3. Necessidade Moral:
Há quem diga que, se não existe um deus, não temos porque ter moral, podemos sair por ai matando, estuprando, roubando etc. O que eu digo disso? Duas coisas:
Nunca sai por ai matando, estuprando, roubando etc. E como disse Einstein: “Se somos bons apenas por almejarmos uma recompensa e temermos um castigo, então somos uma raça realmente detestável”.
Se você descobrisse hoje que não há nenhum deus (apenas por suposição), sairia por ai matando, estuprando e roubando as pessoas? Se a resposta for não, já temos dois exemplos claros de que nossa moral vêm de nós, não de deus. Se for sim, tenho medo de você, e acho que você não vai pro céu.
4. Necessidade de Explicação Simples e Momentânea:
Exatamente o que eu tratei no início do texto e, atualmente, o que eu vejo ser o mais comum. Não achei um termo melhor, já que “necessidade de explicação” eu também tenho, muitos tem, a diferença, é que os teístas, e os deístas também, tem necessidade de uma explicação aparentemente simples e momentânea, que normalmente leva a algo sobrenatural. Acho que nenhum cientista no mundo discorda de mim quando eu digo que a ciência moderna não explica tudo, me atrevo a dizer que ela explica uma fração muito pequena da vida, da mente humana, da natureza, e, principalmente do Universo. Mas isso deve-se em maior parte, pelos milênios em que as pessoas (salvo alguns grandes gênios da historia da humanidade) contentavam-se com “Deus quis assim”, ou “Os deuses quiseram assim”, principalmente na Idade Média, onde, além de tudo, a Igreja ainda matava que tentasse descobrir algo. Felizmente, com o passar do tempo, a ciência vem cada vez mais explicando coisas que eram antes explicadas com mitos, com sobrenaturalismo e com deuses. Isso está cada vez mais claro, e a cada descoberta, a cada experiência, Deus vem ficando mais fraco, “com menos trabalho”. O melhor exemplo disso é a Teoria da Evolução e do Ancestral Comum, que “tirou” de Deus a necessidade de ter criado a vida que conhecemos hoje. Portanto, quando pensar que “tanta complexidade não pode ter surgido do nada”, lembre-se de tudo que a ciência já fez, e pense que isso será só mais um obstáculo que, mais cedo ou mais tarde, será ultrapassado, e acreditar que “foi Deus quem fez assim” será tão cômico quanto hoje é acreditar que a Terra é quadrada e plana, que existem monstros marinhos e que andando de barco é possível chegar no fim do Planeta e cair em um abismo eterno.
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