terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cogito, Ergo Sum

Qual a sua maior certeza?

Você tem certeza de algo?



Certeza é uma daquelas palavras difíceis de dar significado, tal qual “existência”, “deus”, “tempo”, “bom”, etc. porque, tanto quanto todas essas palavras, certeza é algo bastante relativo.
Certeza é algo muito extremo, pois elimina qualquer possibilidade de “falha”.



Você pode ter certeza que seu time vai ganhar o campeonato (oi palmeirenses), certeza que vai ser promovido no trabalho ou que vai tirar 10 na prova? Obviamente não.
              Você tem certeza que vai morrer algum dia? De que é filho de seus pais? Que é humano? Não.
            Você tem certeza que o mundo existe? Que eu existo? Que você existe? Bem, para responder essa questão, teríamos que responder outra ainda mais subjetiva: O que existe? O que é a existência?


Existe uma “teoria” filosófica (solipsimo) que afirma que todo o universo a sua volta é fruto da sua imaginação, que você é, na verdade, o único ser pensante e que todo o resto não existe, é delírio. Ridículo? Nem tanto. 



Eu não acredito realmente nisso, mas não deixa de ser uma teoria curiosa.
             Você facilmente encontra um louco que tem plena certeza de que é deus, Napoleão, o que o seu amigo imaginário realmente existe. Mas, peraí, quais as chances de eu ser um louco, e tudo que eu vivo ser uma alucinação?


Improvável? Sim. Impossível? Não.
            Sabemos muito bem que nosso cérebro é capaz de criar ilusões tão reais quanto qualquer coisa que você seja capaz de sentir, ver, pegar, etc. Sabemos que grande parte das nossas visões são produzidas e interpretadas por nossos cérebros, assim como nossa audição, olfato, paladar, etc. e sabemos que existem pessoas com alucinações tão “reais” quanto o que é real para você.



Sem contar que tudo o que nós sabemos, nos foi ensinado por alguém, que aprendeu com outro alguém, e assim sucessivamente. Todas as informações são susceptíveis a manipulação, por exemplo, você tem certeza que 1+1=2? E se, na verdade, 1+1=3, e todos estiverem enganados, ou te enganando? E se existir um feiticeiro do mal que lançou um feitiço na cabeça de todos para que todo mundo achasse que 1+1=2 e que feiticeiros não existem?

Pensando nisso, René Descartes formulou sua frase mais conhecida: “Penso, logo existo.”. De muitas interpretações possíveis para esta frase, a mais provável seja que, a única certeza que eu posso ter, é de que existo, pois se não existisse, não estaria aqui pensando nisso. Todo o resto é duvidoso. Todo o resto pode ser fruto de algum delírio, ou pode ter sido posto na minha cabeça por qualquer evento externo.

Portanto, pense bem antes de afirmar algo “com certeza”.
A existência ou inexistência de Deus torna-se pífia quando a sua própria existência, e a do Universo, é colocada em xeque.

PS: Antes que me interpretem mal, não quero convencer ninguém de que o mundo não existe, nem eu mesmo acredito nisso. Desejo apenas mostrar que nada é certo, todos os conceitos são vulneráveis e que não existe certeza absoluta. 
Você consegue conviver com isso?

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